17 janeiro 2015

Entrevista de Augusto Barros sobre Cotas da UEPA



MPE pede explicações sobre aprovação de cotista

O Ministério Público do Estado do Pará (MPE) informou que, por meio da promotora de Justiça Maria das Graças Corrêa Cunha, instaurou procedimento preparatório de inquérito civil para apurar a existência de supostas irregularidades no Processo Seletivo 2015 da Universidade do Estado do Pará (Uepa), depois de receber ofício encaminhado pelo procurador da República, do Ministério Público Federal (MPF), Alan Mansur, que relatou uma possível irregularidade no caso da candidata Bruna Karla Cancela, aprovada no curso de medicina, no processo seletivo de 2015, na condição de cotista por ser bolsista integral de um colégio particular no qual a mãe de Bruna é sócia.
O MPE enviou ofício ao reitor da Uepa solicitando que ele “remeta informações detalhadas, no prazo de 48 horas, a respeito das providências a serem adotadas pela Uepa quanto à situação da candidata Bruna Karla Barata Cancela, aprovada no processo seletivo de 2015 para o curso de Medicina, na condição de cotista por ter sido bolsista na rede privada”, diz a nota.
Augusto Barros, presidente da União Paraense dos Estudantes (UPES), acredita que a própria Uepa deu brechas para que isso acontecesse por conta do edital, que não tem como regra a condição social do candidato. “As cotas são sociais e na lógica deveria ser uma vaga social. Por isso, protocolamos junto ao MPE e também à Uepa para barrar a matrícula dessa candidata, pois ela não se enquadra nessa condição social e entendemos que o dispositivo de cotista foi usado de má-fé”, explica.
“Amanhã, vamos à OAB para saber como podemos entrar com uma ação para garantir a vaga a um outro aluno que é cotista e realmente precisa. Já questionamos isso anteriormente, quando a filha de uma ex-vice-governadora estudava medicina em uma faculdade particular de São Paulo e tentou transferir para a Uepa. Conseguimos reverter a situação”, disse.
BOLSISTA
Mãe de Bruna Cancela e sócia-proprietária do cursinho pré-vestibular Equipe, no qual a candidata era bolsista, Karla Cancela afirmou que a filha é bolsista desde os três anos de idade, pois o pai é professor sindicalizado e esse é um dos “critérios da convenção coletiva dos professores”.
De acordo com Karla, a Uepa adotou o sistema de cotas em julho do ano passado. Quando isso veio a público, alguns pais procuraram a escola por ser contra a medida adotada pela Uepa.
“Fomos ao Ministério Público para auxiliar os pais e o MP nada fez sobre o assunto. Então, nós entendemos que o critério era legal, independente da classe social do estudante. Antes de inscrever minha filha, eu liguei para a Uepa como uma pessoa comum para saber se minha filha poderia participar do processo seletivo como cotista por ser bolsista, filha de professor. Eles disseram que ela só precisava da declaração de bolsista. Então eu não sei qual irregularidade está sendo cobrada. nós não demos jeitinho brasileiro e é importante deixar claro que em nenhum momento é colocada a condição social no edital da Uepa”, afirma Karla.
A mãe de Bruna disse ainda que está aguardando ser chamada pelo MPE, pois vai cobrar que todos os cotistas aprovados no certame da Uepa sejam investigados. “Não é justo só minha filha ter a vida social devastada. De 30 cotistas aprovados, apenas três são de escola pública. E nós sabemos que há pessoas de classe social média que também entraram como cotistas. Então, eu peço que o MPE investigue a todos os cotistas. O pai da Bruna é professor com todos os tributos pagos. A Bruna, inclusive, fez o Enem e foi uma das 250 pessoas que tiraram nota máxima na prova de redação”, assegura.
A pró-reitora de graduação da Uepa, Ana da Conceição Oliveira, disse, anteontem, que, se a candidata comprovar que era bolsista integral, ela não perderá a vaga. “As regras do edital são claras: se ela não comprovar que é bolsista, faz parte das cotas sociais, perde a vaga”.
(Diário do Pará) Quinta-Feira, 15/01/2015

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